CÂMERA CLARA - Avacir Gomes dos Santos Silva
Aventurei-me em fotografar o espaço. Difícil fotografar o espaço.
Entretanto tentei. Eu conto.
Sai da aula do Eguimar, grávida de visões.
Zênite solar, a minha cidade estava viva.
Só se ouvia o barulho, ninguém passava entre os carros.
Era quase uma da tarde.
Estava o espaço pela rua segurando um bêbado. Preparei minha máquina.
O espaço era um segurador?
Tive outras alucinações naquela tarde.
Preparei minha máquina de novo.
Tinha uma cor de carmim no rodapé de uma loja.
Ela respirou quando a fotografei.
Vi uma manequim pregada no espaço mais do que no chão.
Dela o sonho fotografei.
Vi andar um vermelho-esperança no olho do hippie.
A esperança fotografei.
Olhei uma paisagem nova a subir sobre as águas do parque.
O arco-íris fotografei.
Foi difícil fotografar o pote.
Por fim enxerguei a Nuvem Radioativa.
Representou para mim que ela andava na cidade de
braços com Einstein – seu criador.
O poeta e a brilhante nuvem fotografei.
Nenhum outro poeta no mundo faria uma positiva
mais justa para revelar a sua dor.
A fotografia não capturou o espaço goiano.
A foto saiu legal.
Um turista desviante comprou o postal.
Avacir Gomes dos Santos Silva
ava.gsantos@hotmail.com