CHUVISCO, CHUVA, CHOVER PRA VALER! - Isis Maria Cunha Lustosa

26/09/2022 16:35

Foi assim, como um cisco, veio no tom de reservado chuvisco...

O Sabiá-Laranjeira, cantador na beira da árvore, já com dor vocal por cantar e cantar o canto da chuva, quase bica um chá para se acalmar...

Cantarolava, o Sabiá, inquieto!

Do outro lado, pousado no Flamboyant,  o pássaro arquiteto, o João-de-Barro, retocava a sua casa, fornada, no plano de Brasília.

Engenhoso, o João, sem demonstrar nenhuma arrilia, prevenia-se e curtia, antecipado, a água de cima, esperada, para rolar.

Não chovia lá fora!

Nada de bota-fora para fotografar ou filmar àquela aguardada chuva cair e esparra(mar) nas quadras. Mar em cidade sem mar.

Ora! Ora! Somam-se 132 dias de estiagem no nosso mar de horizonte! Torturante!

Defronte, naquela fonte, o tempo seco, não umidifica.

Quatro meses e alguns dias de espera é uma viagem s(eca).

Eca! Cruzei por equívoco com a Brasília-Verde-Amarelo.

Há escuta!

Para nós, eterna labuta.

E, ela, a chuva?

O Ipê-Branco, diante a dualidade passarinheira, ora do Sr. Laranjeira a cantar, ora do Sr. Barro a retocar, e, ela, como árvore nativa, ficou indecisa se deveria ou não florar.

A árvore absorvia aquele pranto do amigo Sabiá, sem identificar com precisão ser informação de chuvisco ou a chegada chuva pra valer.

Leu! Releu! Adormeceu!

Reteu, o mesmo Ipê, algumas das suas flores para não se comprometer.

Longe dela, o Ipê-Branco, florar Flor-Fake-News, como indício da chuva e, depois, não chover a cântaros. Seria um espanto!

Ou melhor...

Um escândalo, diante a fauna e a flora, Cerradeiras.

Mês dos Cerrados! Remanesc(entes) queimados, (ser)rados, tudo ceifado...

O Ipê, desconfiado, preferiu escutar mais uma daquelas  provas da paisagem, a esperada Festa do Acasalamento a Céu-Aberto-Liberto, o coro instigante das Cigarras!

LIBERTOS(AS)?

Ficamos, gente, bichos, como seres desgarrados, agarrados no esperançar coletivo, aguardando o zi.. zizi... zi... zizi... zi... zizi... Cigarrados!

Miúda, a Gata, na sua mirada tigrada, tudo em sua volta, observava.

Coube a nós, entre um e outro tímido  zi zi zi, esperar a chuva chegar como lavagem, infelizmente sem Bonfim, mas no aguardo da mente para receber a Vera.

Sim, simplesmente, bela! Quanta espera por ela...

A Primavera, florada, florida, chuva abaixo, chuva arriba...

Chegou a chuva!

Choveu no meu eu!

Choveu em tu.

Choveu nele e nela.

Choveu em nós.

Choveu em vós.

Choveu neles e nelas.

CHOVEU!!! CHOVEU!!!

Meu, senti o molhado.

Eu, os Sabiás, os Barros, os Ipês, as Cigarras, os felinos e todos(as) a felicitar.

Há chuva no ar.

Vai rolar um chá da Flor de Hibisco, vulgo, Flor de Isis.

Chá bem vermelho.

Ciranda vermelha na chuva! Cirandar...

"A Rosa (ver)melha..." de Alceu..

Cho(ver)...Cho(ver)...Cho(ver). Renascer!

Vejam bem, abram os olhos, virá em outubro a provável chuva de meteoro.

Sugiro estarmos de sentinela.

Sem o sentido.

Evite estar em sentido.

Repulse o sentido.

Aborte a direita da quadra...

Risco altíssimo de escorregar.

À esquerda, da mesma quadra, está livre.

Volte!

Contorne!

Vote!

É um direito!

Tem chuva, muita chuva, para rolar e para vermos no parapeito.

Pára! Pára! Pára!

A chuva, esta uva de água, deve continuar.

Texto e foto:

Profa. Dra. Isis Maria Cunha Lustosa

Membro do Proyeto UBACYT/UBA/FFyL - Argentina

Pesquisadora Externa - Laboter/IESA/UFG - Brasil

isismclustosa12@gmail.com

PoetIsis, caminhante entre duas quadras, no mirar da chuva, a qual me fez poetizar.

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