DUAS FLORES DO CERRADO - Bento Alves Araújo Jayme Fleury Curado
Célia Coutinho Seixo de Britto (1914-1994) e Maria das Graças Fleury
Pires de Campos (1915-1998) na nascente esquina entre a Avenida Anhanguera
e Avenida Araguaia em pleno centro de Goiânia em 1936, que, então, era apenas
um vasto Cerrado... Fonte: Acervo pessoal de Bento Fleury.
Duas flores singelas e altivas
Enfeitavam o cenário de uma cidade nascente.
Florescente projeto de desenvolvimento
Feito com força e combate, naquele momento.
Histórico instante, o tempo como monumento!
Eram duas mocinhas sonhadoras
Em pleno Cerrado que se chamava “Goiânia”.
Na “capital brotinho”
Vicejavam duas rosas
Nascidas no Cerrado do sonho
E de ilusões, em pleno desabrochar.
Elas sabiam o que era, enfim, o ideal, amar...
O sonho de um tempo novo
Com seus preços e inquietações
Incomodava, dilacerava,
Corações.
Havia, enfim, um grande Cerrado aberto
Liberto de peias e amarras
De uma cidade antiga
Com suas tradições e preconceitos.
Preceitos e verdades do passado
Acrisolado nos sentimentos!
Goiânia, campo aberto, liberto
Almas sonoras em busca do sol.
Havia o horizonte que se abria até a Campininha
E, na linha do horizonte, o infinito...
Nesse rito de sonhar amores
Traduzir dissabores, medos, angústias, desconfortos
O tempo morto da falta de opções
Era o campo, com minúsculas flores, o cenário!
Goiânia primitiva!
As mocinhas a registrar instantes
Eternizando flagrantes
De um esquecido tempo, ultrapassado...
Aos que sonham ainda velhas e desbotadas ternuras
Restam juras caladas,
Amadas – velada emoção -
Pedaços infinitos do próprio coração!
Bento Alves Araújo Jayme Fleury Curado
bentofleury@hotmail.com