INFANTIL HIATO - Robson de Moraes
Minha forma expressa sua aparência;
Macerado, apareço;
Maciço e plural exacerbamento da diferença;
Macia imagem que me (re)apresenta ao mundo;
Maquiavélico, individualizo-me em seu universo;
Maliciosas palavras, gestos e sorrisos;
Movimento frenético de corpos suados;
Faço-me na ruptura que desencadeou o presente;
Síntese de prisão, manicômio e fábrica;
Preciso (re)nascer;
Iniciar!
Olhar como um estrangeiro;
Comunicar minha existência;
Recuperar, restaurar;
Sou o hiato entre seu passado e futuro.
Jacente, dá expressão a minha forma;
Jaula de meu senso, explosão animalizada, viva e vistosa;
Juízo encarcerado da singularidade convertida em plural;
Jardinar sua coragem, domar seu medo;
Jangadeiro perdido no mar;
Junção esquecida no tempo;
Jacobino de seu passado, hiato do futuro;
Forma, expressão e aparência?
Não nasci na ilha errante de Delos;
Mas em meio de tantas loucuras, saudei a vida com embriaguês;
Estendo meu domínio ao prepotente recolhimento;
Como Baco estímulo seus excessos;
Incompreensível!
Curado da vinha insensatez, exibo falso encanto;
Sou o hiato entre seu passado e futuro.
Sorvendo sua incômoda dor, expulso a distância;
Suavidade!
Subjuntivo instante;
Subornada comoção;
Subestima a possibilidade emanante da gestação;
Suão, vento que sopra do sul;
Surja e viva na profundidade da minha pele.
Sou o hiato entre seu passado e futuro.
Robson de Moraes
robsondesousamoraes@hotmail.com