MANOEL DE BARROS, POÉTICO - Eguimar Felício Chaveiro

15/11/2014 12:00


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Poético é quando o indivíduo sente não caber em si. Tocado tão intensamente vê-se limitado para descrever a intensidade do sentimento. Pensa sair correndo, pular ao quintal da vizinha, conversar com magnólias brancas, suaves, pacíficas; ou seguir um Vira-lata até a esquina de Chaplin. Ou caminhar com o andarilho. Seu termômetro é a pessoa do vento...

Sem saber como proceder constrói imagens metaforicamente, chamam-nas  versos, estrofes, liras, rios. Suas palavras bêbadas, enlouquecidas, desproporcionais – expressando uma coisa para falar outra – pretendem apenas ter a força de beleza do sorriso de uma criança – e o seu olhar inaugural que exagera o azul com as suas latas maravilhosas. Mágico.

A paixão é uma forma de poeticidade. Quando a pessoa não se entende e, numa suspensão feliz, torna-se engenheiro de luz, capaz de compreender que “O MEU QUINTAL É MAIOR QUE O MUNDO”, e tudo lhe dobra de grandeza, a gosma, o sapo que pula o silêncio, o divino canto do Sabiá....e todos os inuntensílios, chegou-lhe a poesia...É poeta.

Todos os revolucionários foram chamados loucos. Poesia é loucura carinhosa; poesia é revolução amorosa. É o reino da palavra perdida, corajosa, voluptuosa. Sim, senhor Pessoa, o senhor é o do tamanho do que vê, não do tamanho de sua altura. Sim, senhor Manoel, o senhor é do tamanho do que sentiu, não do tamanho de sua ausência. A morte de uma pessoa enriquece a terra, aduba-a, fertiliza-a. É poético.

 

*Créditos da imagem: nopaisdasentrelinhas.blogspot.com (acesso em 14 de novembro de 2014).

 

Eguimar Felício Chaveiro

Prof. Dr. do Instituto de Estudos Socioambientais

Universidade Federal de Goiás