O TRÂNSITO NA REGIÃO SUL DE GOIÂNIA: PROBLEMAS E DESAFIOS - Janisley Gomes de Abreu

10/01/2012 12:00

 

A cidade de Goiânia, mesmo sendo planejada, apresenta diversos problemas comuns a outras metrópoles brasileiras, como: crescimento demográfico desordenado; aumento da desigualdade socioeconômica; congestionamentos; déficit do transporte coletivo para as camadas mais pobres da região metropolitana; exclusão de grande parte da população para as zonas periféricas; violência; grande número de veículos particulares, etc. Estes problemas ocorrem por diversos fatores, dentre eles podemos destacar o desenvolvimento desigual e combinado, a grande migração de trabalhadores e estudantes em busca de melhores condições de vida, as longas distâncias entre o local de trabalho e de moradia, entre outros.

O espaço urbano dessa metrópole tem sido palco de grandes transformações na paisagem, ocasionadas principalmente pelas alterações nas vias de circulação. Mesmo com isso ainda convive-se com intensos congestionamentos e acidentes de trânsito, consequência dos inúmeros veículos que trafegam pela cidade tornando a disputa por espaços nas ruas um fato muito comum.

Goiânia teve o início de sua construção na década de 1930, onde foi tida como cidade moderna e um dos símbolos do povoamento da porção central do Brasil. Mas apesar de ter sido planejada, a cidade possui diversos problemas de mobilidade. Um exemplo é a região Sul, onde muitos bairros foram projetados com ruas estreitas sem considerar o crescimento populacional e o aumento da quantidade de veículos automotores. A partir disso nas últimas décadas houveram vários estudos urbanísticos propondo alternativas para os problemas de mobilidade, no entanto as propostas não têm sido aplicadas conforme as necessidades.

Importante mencionar que o crescimento vertical da cidade, especialmente nos setores Jardim Goiás, Bueno, Bela vista, Nova Suíça e a expansão dos condomínios horizontais na região Sudeste e Sudoeste de Goiânia, além do crescimento populacional dos municípios vizinhos, sobretudo Aparecida de Goiânia que possui a segunda maior população do Estado, tem acarretado um crescimento desordenado tanto na capital como nos municípios vizinhos. No entanto, não se observa investimentos necessários que acompanhem o aumento de veículos. O problema é que há um enorme crescimento da cidade e, com a falta de espaços no centro da capital, a parte Sul da cidade passou a receber inúmeros comércios e edifícios residenciais. Este crescimento do comércio e da população na região provocou o aumento da frota de veículos, congestionando o trânsito nas vias da região Sul onde as ruas e avenidas, nos horários de pico, superlotam de veículos automotores, como exemplo das ruas 85 e 90 e na saída para os condomínios da região e cidades vizinhas.

A questão do trânsito no espaço urbano de Goiânia tem gerado um problema difícil de resolver. Isso por que os órgãos competentes não criam meios que de fato controlem o aumento do comércio e construção em áreas que podem comprometer o trânsito e, assim, não verificamos uma ocupação e mobilização planejada da cidade. Deste modo, além do poder público não impor leis que proíbam construções que possam causar impactos ao trânsito, também não disponibiliza um transporte público de boa qualidade. Enquanto isso, o veículo automotor se torna cada dia mais indispensável em metropoles brasileiras e, consequêntemente, há um aumento exponencial da frota de veículos.

Maricato (2011) argumenta que as pessoas de todos os níveis sociais compram seu próprio automóvel, pois além de ser mais rápido que o transporte coletivo, leva a qualquer ponto e a qualquer hora. Nota-se que a população goianiense tem evitado o transporte público, contribuindo para o aumento da frota em Goiânia que ultrapassa 1 milhão de veículos em uma cidade que possui em média quase um veículo por habitante.

A problemática do trânsito no espaço urbano de Goiânia, sobretudo nas áreas centrais, é caótica. E se essa cidade tem apresentado um crescimento econômico nas últimas décadas, a má qualidade do transporte público e a falta de investimentos em outros meios de transportes coletivos de massa também condensam os problemas. Dessa maneira, conclui-se que há a necessidade de um planejamento que vise sistemas eficientes de transporte público na Grande Goiânia por todos os problemas brevemente assinalados acima. Para isso consideramos fundamental que planejadores,  executores e administradores priorizem, por exemplo, políticas de mobilidade urbana e implantação de um transporte de massa e de qualidade (como  o VLT ou BR[1]), para que a população tenha um transporte digno e funcional. Por outro lado, o incentivo ao consumo de automóveis e a má qualidade dos transportes coletivos evidencia cenários ainda mais problemáticos.

 

Referência

MARICATO, E. O impasse da política urbana no Brasil. Petrópolis: Vozes, 2011.

 

Janisley Gomes de Abreu
Graduado em Geografia pela Faculdade Alfredo Nasser.


[1] BRT: Bus Rapid Transit, ou simplesmente, ônibus de trânsito rápido.  VLT: Veículo Leve sobre Trilhos.