O AGRONEGÓCIO É “POP”, É “TUDO”, É TÓXICO, É CANCERÍGENO, É ASSASSINO – Armison Rodrigues Pereira
O Agro “pop” é também o que assassina,
De Chico Mendes a Dorothy Stang,
De indígenas a camponeses,
De quilombolas a sem terras…
Tantos outros nomes...
Tantas outras vidas no anonimato exauridas.
O Agro “tech” é também o que escraviza,
O que expropria, o que desemprega,
O que utiliza do trabalho infantil,
O que produz o latifúndio e a bancada ruralista!
O Agro “tudo” é uma inquisição dos donos dessas terras,
Do cerrado e do sertão, dos pampas e dos rincões…
O que sobra a essa gente é o título de invasores, bandidos e ladrões.
O Agro é “tudo”, é tóxico, é cancerígena, é suicida…
Contamina rios, lagos, lençóis freáticos,
Ar e o estômago de quem se serve de seu regime (anti)nutricionista.
O Agro é “PIB” este número monstruoso,
Forjado ao homicídio doloso!
No subsolo vaidoso de seu escrutínio
Viceja o manto perverso da economia,
Mais valia, ultimato do homem numérico: o bóia fria.
Da O-BASF, DOW, BAYER, SYNGENTA, DUPONT e MONSANTO
Saem os agrotóxicos, venenos consentidos com o selo da Anvisa.
Delas saem sementes transgênicas e seus insumos químicos
Que matam o solo, homens e as “ervas daninhas”?
A Monsanto esteve em campos vietnamitas,
Exterminando e mutilando vidas
- Quatro milhões, num cálculo impreciso –
O holocausto do agente laranja, está imbricado no Roundup,
Herbicida máster da biotecnologia.
A ancestralidade foi perdida no trato com a terra em seu pousio.
Restou o “progresso” predador, dilapidador dos homens bula,
Servis dos roteiros pesticidas e herbicidas…
Eis que fundou-se a (macro)economia tanatopolítica.
Nenhum conhecimento é válido ante a razão científica,
Utilitarista, capitalista, monetarista.
Vandana Shiva nos falou da “monocultura da mente”,
Ditadura contra a Agroecologia e Agrofloresta!
Ditadura contra biodiversidade e o pensamento pluralista.
O veneno está à mesa, na sobremesa da semente agredida,
Proibida de ser ela mesma, vida, viva.
O veneno está à mesa e, também, no leite que os filhos amamentam
- desde a placenta - os tumores malignos dessa sina sentença.
Os desertos verdes de eucaliptos e acácias negras enganam os olhos,
Sedento, erodindo e salinizando está o solo.
Não há um só modo de produzir,
Basta ver as Coivaras e as sementes crioulas!
O “Blue Gold” do século XXI, encena aparição...
Água na bolsa de valores, commodity ao leilão.
Escassez não é falta, é rapto, apropriação!
Virá guerra de trincheiras, terá drones de prontidão!
A sede pedirá água, a água pedirá leito que escoe seu Jordão.
Onde mora o campesinato,
Das formas de ajuda mutua e do mutirão?
Onde viceja a reciprocidade em tempos de acirração,
Individualismos e competições?
Há modos de vida e de produção
Que não se subjugaram a enlatada industrialização.
Há as feiras de causos, do queijo curado,
De garapas, de rapaduras e melados…
Há a festa de São João.
Há os saberes milenares das plantas medicinais,
Há a reza, a folia, a oração.
Há um mundo estereotipado, júbilo do que é “feio”, “atrasado”.
É o “jeca”, o “da roça”, o “preguiçoso”, o “sem cultura” …
Este preconceito de atadura é tecnocrático,
D’um universo zumbificado de deuses autoritários…
Há outras vozes da alteridade,
Do tempo da natureza e do cantar do galo,
Da lua da ribanceira e das serestas orvalhadas.
Nestas terras o exportado é a fome e o capital é o humano.
Armison Rodrigues Pereira
Licenciado em Geografia pela Universidade Estadual de Goiás.
Especialista em Docência Universitária e em Metodologia do Ensino de História e Geografia,
ambas pela Faculdade Ávila de Ciências Humanas e Exatas, LIBER, Brasil.
Professor de Geografia da Escola SESI SAMA, Minaçu-GO.
E-mail: armisonrp@gmail.com
Fonte da imagem: https://binsbox.com/post/20-images-with-deep-meaning-on-reality-of-life-these-days/