PLACENTA - Rúbia Garcia de Paula
Onde está o umbigo do mundo?
cordão do amor,
fosso sem fundo,
luneta da dor
Onde está o umbigo do mundo?
na África famélica,
nas milícias e nas misérias,
na guerra móvel da Síria
(milhões de refugiados),
no capitalismo sanguinário
Onde está o umbigo do mundo?
nas “fronteiras” entre Acre e Haiti,
na imigração interrogatória dos EUA,
nos extremos Jose Mujica e Vladimir Putin,
no absurdo cotidiano e em Salvador Dali
Onde está o umbigo do mundo?
na Amazônia desmatada ou no pulmão da Souza Cruz,
no indigesto “filha de quem?” ou no simples “seja bem-vinda!”,
na alucinógena Cracolândia ou no sonho de Disneylândia,
na Muralha da China ou nas missões espaciais da NASA,
na ávida Rua Oscar Freire ou na cidade abstêmia Belágua
Onde está o umbigo do mundo?
na fome na fome na fome na fome na fome na fome na fome na fome
na fome na fome na fome na fome na fome na fome na fome
na fome na fome na fome na fome na fome na fome
fome de homem, de humanidade
funil parturiente
de toda
dor
Rúbia Garcia de Paula
Advogada, discente de Letras e Docência Universitária pela UEG
Membro do Movimento Casa da Ponte de Itauçu-Go