QUE ESCOLA É ESSA? QUE ESCOLA QUEREMOS? - Alexsander Batista e Silva

01/07/2011 12:00

 

Venho por meio deste, compartilhar mais um dos desmandos que vem ocorrendo nas escolas estaduais de Goiás. Nos últimos anos há evidente processo de descaso, ausência de investimentos e políticas públicas para a educação como um todo, e principalmente com a escola pública.

Hstoricamente o tema educação é lançado e apropriado por diversos sujeitos sociais. O que não é diferente no meio político, em todas as campanhas eleitorais o tema surge como um dos principais pontos do discurso e projetos de campanha. Outrossim, entra gestão, sai gestão, e a educação vai de mal a pior! Vemos mais retrocessos do que avanços!

               Diversos interesses recaem sobre esse campo social, que diga-se de passagem é estratégico, um exemplo disso são ações implantadas, para fins de melhorar única e exclusivamente as estatísticas. As quais via de regra, não surtem efeitos positivos em relação à melhoria da qualidade do ensino público. Cada vez mais vemos pessoas que passam pela escola e são analfabetos funcionais. Um dos grandes entraves são as pessoas que respondem pelas pastas da educação, os quais elaboram projetos sem ter pisado no “chão da escola”. São projetos feitos nos escritórios com ar condicionado que não consideram a realidade atual da sociedade, da educação e da escola. Será que a voz da escola não deve ecoar nos projetos sobre ela mesma?

A partir de 1º de janeiro de 2011, a gestão recém empossada vem tomando medidas autoritárias que menosprezam a capacidade intelectual dos profissionais da educação. Prova maior disso, é que desde março do corrente ano, as Unidades Escolares vem recebendo imposições no sentido da retirada dos profissionais lotados no Laboratório de Informática, Ciências, Línguas, Biblioteca, além das Rádios e PRAEC’s. Espaços esses, que sem pessoal responsável pelo seu funcionamento, estão jogados as traças, fechados, sem função, sem uso, sem viva!

Ação, que em nossa avaliação, violenta conquistas históricas, indo na contra-mão de uma educação pensada a partir do aspecto qualitativo. Haja visto que tais espaços, são de suma importância no processo de ensino-aprendizagem, nas escolas contemporâneas. E hoje estão sendo fechados por “falta de profissionais”.  É inconcebível que em um período que se cobra cada vez mais melhorias na qualidade do ensino (leitura, escrita, interpretação... visão crítica do mundo!), ocorram intervenções arbitrárias como essas.

Num primeiro momento, subentende-se que devido aos vultuosos gastos com as campanhas eleitoreiras aliados à improbidade administrativa dos governos, torna-se imprescindível os cortes orçamentários, o que ocorre prioritariamente no campo social. Nesses termos, a pasta da educação torna-se um dos principais alvos.

É inaceitável que num país como o nosso, alardeado como uma das futuras potências mundiais, tenham gigantescos problemas estruturais, principalmente, em setores como saúde, segurança e educação, mesmo com cargas tributárias exorbitantes. Antes do desfecho, cabe mais duas indagações: É possível no Estado tido como “A força do coração Brasil”, que acaba de aderir ao projeto “Todos pela Educação” as escolas públicas estejam neste estado deplorável? Essa é a escola que temos, mas será que é a escola que queremos?

 

Alexsander Batista e Silva
Professor da Rede Estadual de Educação – GO
Professor do Curso de Geografia – UnU Goiás  / UEG