SEGUNDO TURNO DAS ELEIÇÕES: PETISTAS E TUCANOS/ALIADOS NO “FREVO DA TAPIOCA DE PÃO DE QUEIJO” - Isis Maria Cunha Lustosa
Eu sou o estopim da bomba
É você que me faz ser assim
Se você não quer ver o estouro da bomba
Não encoste este fogo em mim [...][1]
Precede o segundo turno das eleições e reviravoltas como as coligações partidárias. Averiguo as novas frentes perante as campanhas eleitorais a caminho da sessão solene para manter a faixa com a presidente/candidata ou transferi-la ao sucessor. Antes de grafar as linhas sobre a conjuntura eleitoreira menciono outras tramas conexas. Dentre estas, o novo prato “Pudim”, ofertado a população brasileira a fim de abafar o antigo, “Propina”, provocador das congestões entre os pares envolvidos nos escândalos nacionais.
A Petrobras mantenedora até pouco tempo do cargo do estopim bombástico (delator-premiado), resolve alterar as cenas dos delitos, ativar o lava jato e amenizar as conjunturas acirradas. A estatal reaparece no cenário eleitoral, perturbado pelos acusadores, renovada devido à recente descoberta do poço de óleo – reserva econômica pós-temporada corrupta. A empresa extrai esta carta curinga a fim de submergir em águas ultraprofundas as discussões referentes às gratificações concedidas. Assim, exclui o assunto e difunde a “camada pós-sal” do poço Pudim.
Nesta forma de estupro mental coletivo, parece ouvirmos: eleitoras/es para que mantermos os bate-bocas sobre Pasadena, Operação Lava Jato, doleiro, indigestas fatias da pizza fria sabor propina destinadas a cada partido político, se no momento, a confiável Petrobras detém o Pudim inteiro a (santificada reserva de óleo de qualidade) na Bacia do estado do Espírito Santo.
Embora a tentativa ludibriosa, nestes últimos dias antes do juízo final do segundo turno, formou-se a Santa Ceia para acertos de contas entre traídos e traidores. A presidente alocada no centro da mesa não perdoa os delatores. A mesma julga – eles não provam o que dizem – e pronuncia-se perplexa com as acusações. Independente da postura da chefa de Estado diante os acontecimentos, às conveniências eleitoreiras formam-se ao bel-prazer.
Veem-se camaleões não eleitos por todos os lados. Os troca-trocas de cores partidárias os afiançam na existência política. Vejamos a situação de quem abraçou a bandeira da estrela vermelha por longo período e decepcionou-se. Posteriormente, por curto período, seguiu a bandeira branca de princípio verde. Ainda insatisfeita, combinou (vermelho e verde) e criou a rede. Em seguida, ponderou: as tramas desta rede não se sustentam sem as coligações. Entre uma pincelada de tom branco e de amarelo, aliou-se ao Partido Socialista Brasileiro (PSB). Embora todas essas aquarelas das parcerias, os punhos incolores da rede tornaram-na frágeis. A disputa presidencial a afundou no primeiro turno. A candidata declinada, para não sucumbir de vez, dependurou a rede no mastro de 22 milhões de votos obtidos pela sua mão esquerda. Para refletir, precisou de tempo e de um templo. Repousou e, durante o sonho, vivenciou a morte redentora. Depois, renasceu e a partir da pomba simbólica da bandeira do PSB, semeia a PAZ com os psdbistas e, a máxima, mais vale um pássaro na mão que tucano e pomba a voar.
À veia esquerda da ex-candidata é página virada? Selaram-se os cumprimentos mútuos de direita. A mesma curvou-se de frente a um Tear de Minas Gerais e, no momento, com as pedaladas aceleradas tece outra rede totalmente adversa a sua história amazônica pregressa. Distinta da decisão de neutralidade tomada nas eleições de 2010, firma acordos em 2014 com os membros tucanos na floresta atlântica. Portanto, procura congregar campos regados de neves entre aqueles/as pernambucanas/os dedicadas/os, simpatizantes e o candidato mineiro apoiado.
Na análise entre os dois partidos pareados na disputa presidencial – o vermelho petista e o tucano psdbista – mediados para o segundo turno pelos políticos das alianças – causa perplexidade em parte da população brasileira conforme os conchavos políticos. Passados alguns dias de suspenses e estratégias, a parlamentar excluída da disputa, ocupou na arena das eleições o trono da berlinda entre os encarnados e os azulados. Depois, ergueu a nova bandeira completamente mesclada pelas cores dos partidos anteriormente adversários e, subitamente, coniventes. Embora o seu esforço contradiz-se quando refere que independente da sua tomada de decisão, será crucificada. Mas, isso é condição para católico romano. Portanto, tranquilize-se.
O ato governamental confunde-se com os acertos do passado, as garantias de cargos e os sensacionalismos de perdas articulados em palanques para firmar os ganhos. O prato da vingança do Governo Lula, a candidata suprimida, o serve frio à presidenta vigente. Acena o seu adeus a petista mineira. Logo, senta-se na nova mesa partidária para formular o recém-constituído prato dos acordos (pudim de tapioca com pão de queijo) saboreando-o quente durante o pronunciamento de ex-presidenciável, afirmando-se apoiadora atual do mineiro psdbista.
A extinta concorrente após agitar a bandeira de 22 milhões de votos durante alguns dias resolve fincá-la no terreno do outro partido e, criteriosamente, pastora os seus eleitores agrupando-os no bando dos rebanhos azuis de alianças efetivadas a caminho do “agronegócio sustentável”. Certamente, ouviremos as justificativas: o agrotóxico para pulverizar os novos campos das monoculturas será à base de manipueira[2] da mandioca, manipulada de modo sustentável para controlar as pragas, adubar os novos solos devastados e garantir, especialmente, as safras “não orgânicas” para os latifundiários. Brotará o jingo da sustentabilidade, insustentável ruralista.
Para alcance da meta, o tucano candidato, não poderia ficar desamparado no pastoreio. O psdbista concorrente frustrou-se no seu próprio belo horizonte. Este, após o primeiro turno constatou a própria falta de expressão política no berço de origem Minas Gerais. Transferiu-se imediatamente com o seu pão de queijo mineiro para discursar em outras freguesias. O candidato abandonou até a situação crítica da esgotada nascente mineira do Rio São Francisco na Serra da Canastra. Ainda assim, aproveitou-se para serpentear pelos canais tortuosos da transposição das águas restantes do mesmo rio “Velho Chico”. E, na astuta alocução de político, parecia transcrever Duarte Coelho: “Ó linda situação para se construir uma vila”[3] de eleitores, tão logo o sudestino avistou o meu Nordeste brasileiro. Salvo engano a região anteriormente invisibilizada por ele, agora, focalizada para conquistar votos no estado de Pernambuco.
Por meio do apoio ao psdbista cria-se o frevo da miscelânea. Nesta linhagem dos filhos, dos netos e dos bisnetos de políticos, aliaram-se as cadências partidárias na antiga Capitania de Pernambuco na mesma data da Santa Padroeira do Brasil. Naquele palanque recifense, sem nenhum constrangimento as oratórias proferidas para as garantias de votos subsidiaram-se pelos apelos às memórias póstumas de parentes – o presidente falecido no século XX antes de assumir o poder em 1985 e, o presidenciável finado no Século XXI, durante a fase de campanha eleitoral de 2014. O candidato psdbista rogou a sua vitória à Santa Aparecida! No mix católico romano, evangélico e latifundiário, surgem os apelos afetivos pronunciados por meio de carta maternal na tentativa de nos gerir como “Bonecos de Mamulengos”[4] em prol dos envolvidos pelo poder.
Pernambuco (PE) sustenta-se por meio da única argola malabarista – as eleições – na tentativa de voltar a reinar como o “Leão do Norte”[5] e tirar a capital Recife em muitas aspectos da marcha ré. Sem brincadeira alguma, os tucanos e os atuais adeptos de tucanos, caso vitoriosos no páreo presidencial serão congratulados como “Bonecos Carnavalescos” em PE. Se hesitarmos, a sátira constituída nos deixará inertes apenas para ouvirmos a marchinha da coligação passar.
A presidenta continua perplexa admirando-se do próprio tiro no pé esquerdo petista. Surpreende-se veementemente com a bomba abortada pela culatra do abastecimento favorecido para o homem delator. Também, para o homem doleiro. O delator premiado no decorrer dos seus depoimentos (prometidos em papéis passados) se expressa com o olhar misterioso de desapego aos antigos coligados. Em sessão não solene, o PC paranaense, abaixa-se no sentido figurativo para moldar a invisível tornozeleira. Depois, estrategicamente, ergue a cartola mágica para expor os coelhos guardados acima da sua face lavada durante a Operação Lava Jato. Conforme um dirigente estratégico o mesmo cisca da maneira desejada o lixo político no tapete vermelho fosco do Partido dos Trabalhadores (PT). Enquanto esse longa metragem dos atores metralhas projeta-se para a Nação, a presidente-candidada e o candidato psdbista promovem as suas campanhas políticas alfinetando-se ao invés de apresentarem os reais Planos de Governo. Ambos, na passagem da reta final, retomam os espaços nos embates-debates em redes nacionais para definir quem desfilará a bordo do Rolls Royce presidencial em Brasília. Aguardam-se novas viravoltas e a cena enigmática daquela/e a subir a rampa do Palácio do Planalto na casta de 37º Presidenta/e. Degustar-se-á o “Pudim” e o repouso da indigestão será na “Rede” às avessas?
Isis Maria Cunha Lustosa
Doutora em Geografia
Pesquisadora Externa Laboter/IESA/UFG
isismclustosa@gmail.com
[1] Disponível em: <https://www.vagalume.com.br/geraldinho-lins/eu-sou-o-estopim.html>. Acesso em: 14 out 2014.
[2] Líquido venenoso extraído da mandioca.
[3] Disponível em: <https://www.olinda.pe.gov.br/a-cidade/historia>. Acesso em: 14 out 2014.
[4] “Fantoche típico do Nordeste brasileiro, especialmente no estado de Pernambuco […] Em todos eles há uns panos à frente, atrás dos quais se escondem um ou mais manipuladores que dão voz e movimento aos bonecos. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Mamulengo>. Acesso em: 14 out 2014.
[5] O estado possui a alcunha de ''Leão do Norte'', expressão que se origina na figura de armas do antigo Capitão-donatário da Capitalina de Pernambuco Duarte Coelho [...]. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Pernambuco. Acesso em: 10 out 2014.