TERRITÓRIOS SUBJETIVOS: Novas significações nas relações da humanidade com o Ambiente

31/05/2009 23:21

As mudanças ocorridas nos últimos duzentos anos trouxeram uma grande quantidade de lemas e dilemas para a humanidade, com os quais teremos que lidar de agora em diante. Um deles são os “territórios subjetivos”, conforme nos diz o filósofo Peter Pelbart: subjetividades e cognições que emergem do emaranhado de informações e representações acumuladas em função – principalmente pelos avanços das técnicas e tecnologias.

Pelbart pontua que o capital alterou a nossa forma de perceber, de morar, de vestir, de falar, através da circulação de elementos simbólicos que comandam e direcionam nossas vidas. Talvez esse autor esteja falando justamente que a constituição de um território, segundo a definição dos principais geógrafos, como Milton Santos, Raffestin e Fremont, seja o lócus onde exista relações. Se existe relações, existe poder. Se assim o for, as circulações de imagens, serviços, conhecimento e informações criam no nosso modo de viver, padrões e desejos que não controlamos e, conseqüentemente faz com que tenhamos nossas vidas comandadas.

Ao impor as normas que regem as nossas vontades e estabelecer que devemos consumir grandes quantidades de SUBJETIVIDADE na forma de produtos materiais e imateriais - roupas; sexo; auto-ajuda; veículos; comidas; modos-de-vida; valores morais; etc. - coloca-nos na fronteira de uma dependência que vai além das nossas percepções e vontades.

A grande fragilidade desses “territórios da subjetividade” consiste em criar grandes problemas ambientais os quais desestabilizam os sistemas ecológicos e causam grandes incômodos para a humanidade, seja pelas desigualdades sociais, seja por problemas como: degradação dos solos; destruição da camada do ozônio; aquecimento global; destruição das florestas; excesso de lixo urbano; poluição dos rios e mares; enchentes e alagamentos; movimentos de massa; entre outros. Fazendo surgir campos do saber como a Educação Ambiental, Gestão Ambiental, Planejamento Ambiental, etc.

A Educação Ambiental (EA) como um ramo do saber responsável pela disseminação de conhecimentos sobre o ambiente e práticas que minimizem os impactos, deve ser considerada, uma vez que ajuda a minorar os problemas ambientais, além de contribuir para a promoção da integração dos seres humanos com o ambiente. Por esta perspectiva é que procuramos desvendar caminhos a serem trilhados e amparados na interpretação densa e minuciosa da realidade espacial (territorial), com vistas a criar novas possibilidades de integração de nós com o Ambiente.

As percepções críticas desses “territórios da existência” possibilitam e contribui para que nós seres humanos, possamos não querer mais do que precisamos para sobreviver. Tal atitude, certamente, irá evitar os desastrosos impactos contemporâneos que mencionamos, além de ajudar a manter nossas referências culturais.

Por fim, pontua-se que a Educação Ambiental integradora e transformadora, tem um papel fundamental nos dias atuais, como um instrumento pedagógico imbuído em compreender os chamados “territórios da subjetividade”, subsidiar a críticidade frente ao modelo econômico atual, além de fomentar o “pensar globalmente e o agir localmente”.

 

Benjamim Pereira Vilela - Geógrafo, presidente da ONG Jacarandá da Pedra e membro do NUPEAT- Núcleo de Pesquisas e estudos em Educação Ambiental e transdisciplinaridade. E-mail: bpvilela@gmail.com