UM SONETO A ERNST BLOCH - Lucas Maia
Para aqueles que percebem no mundo existente
o fio criativo, a tendência, a esperança.
Vive Bloch no front, no novum, às bordas do limiar.
No horizonte, não se perde em adivinhação prognóstica.
Percebe no mundo concreto, existente, a função utópica.
Abre para o pensamento as portas do livre - sonhar.
Não se trata, todavia, de um mero sonho inconsciente.
É uma pulsão que bate forte no coração e no espírito,
Que no homem penetra, que lhe enraíza, que lhe é frutífero.
Mas é do mundo, na verdade, um ainda-não-consciente.
Desenterra daí as maravilhas do que ser poderia.
Do sonhar acordado, do sonhar para frente,
Apresenta-nos Bloch o fim da letargia.
A liberdade ainda está por ser conquistada,
Temos de desejar concretamente a utopia
Fabricando-a na construção da vida transformada.
Lucas Maia
maiaslucas@yahoo.com.br